Cemitério de Juína pode estar contaminando água; MP multou Prefeitura em R$ 100 mil
Por: Thiago Evangelista, do Repórter em Ação
Publicado em 19 de Julho de 2019 as 12:07 Hrs
O cemitério municipal de Juína pode estar no centro de uma grande polêmica, a contaminação do subsolo e lençol freático, e a solução deste problema já vem sendo exigida pelo promotor Marcelo Linhares, da 1ª Promotoria de Justiça Cível de Juína, há quase três anos.
De acordo com Linhares, a prefeitura de Juína estava se omitindo na regularização das pendências apresentadas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA). Uma das regularizações exigidas é em relação ao necrochorume liberado durante o processo de decomposição dos corpos, a preocupação é que o lençol freático esteja sendo contaminando. “O Ministério Público está em cima, para que a população não fique mais em risco”, garantiu.
Recentemente uma ação da promotoria foi julgada procedente e o município terá que pagar multa de R$ 100 mil. Em entrevista, Linhares disse que já se reuniu com o responsável pelo Departamento de Controle Urbano. “Já foi protocolado na SEMA a licença prévia do novo cemitério, e fui informado que o prefeito assinou o decreto de desapropriação da nova área”, explicou.
NECROCHURUME E SEUS RISCOS
Necrochorume é o líquido de alto potencial poluidor decorrente da putrefação dos corpos, 70% do corpo humano é composto por líquidos.
De acordo com a engenheira ambiental e professora do IFMT Campus Juína, Josiane de Brito Gomes, o necrochorume é mais poluente do que o esgoto doméstico, por exemplo. “Muito mais que matérias orgânicas, eles possuem muitos componentes químicos. Vamos imaginar que tudo que o ser humano ingeriu e acumulou ao longo da vida vai estar neste necrochorume, desde os nutrientes até os agroquímicos e uma enorme população bacteriológica”, destacou.
A maior parte dos contaminantes atinge principalmente o aquífero livre, que é a camada de água que está logo abaixo da superfície. Os principais afetados são as pessoas que consomem a água de poços rasos.
Outro detalhe, de acordo com Josiane, é que para se contaminar não necessariamente as pessoas devem ingerir a água. “O simples fato de a pessoa limpar o ambiente, tomar banho ou fazer refeição com essa água já trás riscos para sua saúde”, pontuou.
SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA
De acordo com uma resolução do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente, que fala sobre o licenciamento de cemitérios, o solo deve ter uma taxa de permeabilidade baixa, o terreno deve ter uma altura do lençol freático de pelo menos 1,5 metros na época chuvosa e respeitar distância mínima de corpos hídricos superficiais e subterrâneos.
De acordo com Josiane, uma solução seria a construção de urnas impermeabilizadas. “Essas urnas não podem permitir que este líquido vá para o solo, além disso, as mesmas devem ter um sistema de captação de gases que devem ser tratados e assim liberados no meio ambiente”, destacou.
O prefeito de Juína, Altir Peruzzo, disse que o munícipio está fazendo várias regularizações na cidade, como por exemplo, a adequação do aterro sanitário e cemitério municipal.
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