Líder quilombola lutava contra a extração ilegal de madeira e contra o tráfico na região do Quilombo Pitanga dos Palmares
A Polícia Civil concluiu, nesta quinta-feira (16), que Bernadete Pacífico, ialorixá e liderança quilombola, foi morta a mando de um líder do tráfico de drogas na região do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, região metropolitana de Salvador.
Ao todo, seis pessoas foram indiciadas pelo crime, sendo cinco pelo assassinato de Mãe Bernadete, e um sexto por posse ilegal de arma, segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA). Um dos indiciados e executores está foragido.
Na coletiva realizada pela Polícia Civil, a delegada Andréa Ribeiro, responsável pelas investigações, afirmou que a líder quilombola era legitimada pela comunidade e desempenhava um papel significativo na defesa dos interesses locais e, quando confrontou os interesses do tráfico, acabou sendo assassinada.
Exploração ilegal e tráfico de drogas
De acordo com a Polícia Civil, um morador do quilombo, identificado como Sérgio, é o instigador do crime. Ele havia tido discussões com Bernadete, após a líder ter se manifestado contra a extração ilegal de madeira na região da qual ele fazia parte. Sérgio, então, deduziu que ela era autora de uma denúncia anterior, o que resultou na apreensão de madeira ilegal na região.
Após a discussão, Sérgio informou para os líderes do tráfico na região, Murilo dos Santos, o “Maquinista”, e Ydney Carlos, o “Café”, que Bernadete poderia atrapalhar o trabalho do tráfico, porque ela estava atraindo a polícia para a região.
A investigação também apontou que o tráfico havia montado uma barraca chamada “Pitanga Point”, onde atuava com o comércio de drogas na região.
Diante da ameaça, eles ordenaram que os executores, identificados como Arielson, preso em Araçás (BA), e Josevan, foragido, invadissem a casa de Bernadete. A líder quilombola foi morta com vinte cinco tiros no dia 17 de agosto deste ano.
Os acusados foram indiciados por homicídio qualificado por motivo torpe, de forma cruel, com uso de arma de fogo e sem chance de defesa da vítima, segundo o MP-BA. O órgão concluiu que Mãe Bernadete morreu por que lutava contra o tráfico de drogas.
Segundo a Polícia Civil, existem outros inquéritos em aberto que estão apurando o tráfico de drogas e conflitos fundiários na região do quilombo.