Como deter o contágio da Covid-19
Testes rápidos, rastreamento e isolamento dos infectados são mais eficazes para conter a epidemia do novo coronavírus do que quarentenas indiscriminadas de milhões de pessoas.
Por: G1
Publicado em 09 de Março de 2020 as 10:41 Hrs
À medida que a nova variante de coronavírus se espalha pelo planeta, isolamento e quarentena entraram na agenda dos países mais afetados. Para conter a Covid-19, a China manteve perto de 150 milhões de pessoas em diferentes graus de isolamento. A Itália isolou no fim de semana um quarto da população, ou 16 milhões. Os Estados Unidos mantêm em quarentena mais de 3.500 a bordo do navio Grand Princess, perto de San Francisco. Até que ponto tais medidas funcionam?
“Numa conta de padaria, centenas de milhares de pessoas na China não pegaram Covid-19 por causa da resposta agressiva”, afirmou em entrevista ao New York Times o canadense Bruce Aylward, líder da missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) que inspecionou o combate à epidemia no país. O número de novos casos diários caiu de mais de 3.000 no início de fevereiro para menos de 50.
Depois de vacilar no início, de sufocar as notícias sobre o novo vírus e de permitir que o contágio saísse do controle, o governo chinês adotou um programa que, mesmo traumático, se revelou eficaz. O mais importante, segundo Aylward, não foi manter em casa populações enormes, mas medidas básicas da saúde pública no combate a epidemias. Eis as principais, na análise do epidemiologista Abraar Karan:
ampliar a capacidade de teste para identificar os infectados;
usar hospitais apenas para tratar os casos mais graves, mantendo os demais isolados noutras instalações;
rastrear todos os contatos dos infectados;
proibir aglomerações;
restringir movimentos apenas quando o vírus se disseminou por uma região.
A capacidade de teste, em especial, é crítica. Os chineses, segundo Aylward, têm realizado mais de 200 exames por dia em cada tomógrafo, um método mais rápido para descartar casos que são apenas gripes ou resfriados. Só quem apresenta no pulmão as anormalidades características da infecção pelo coronavírus é encaminhado para o teste genético, que leva quatro horas. Graças a isso, reduziram de 15 para 2 dias o tempo entre os primeiros sintomas e a hospitalização.
A Coreia do Sul estabeleceu uma espécie de “drive-thru” para acelerar os testes, segundo noticiou a Reuters. O paciente nem sai do carro para que a amostra seja coletada. O resultado sai em menos de dez minutos, e as providências necessárias são tomadas imediatamente. Resultado: enquanto a Itália registrou até agora 366 mortes em 7.375 casos confirmados, na Coreia do Sul houve 53 em 7.382 casos, sem isolamento de milhões de pessoas.
Reino Unido e Suécia implementaram redes de testes domésticos. O governo vai à casa dos suspeitos de infecção para recolher as amostras. Assim que um surto começa a se expandir, os epidemiologistas têm recomendado o auto-isolamento: evitar aglomerações e só sair de casa para fazer o estritamente necessário. Quando possível, aderir ao trabalho remoto.
Ainda há incerteza sobre a capacidade de transmissão da Covid-19, em especial por quem contraiu o vírus, mas não manifesta sintomas. A valerem as estimativas (2,1 ou 2,3 novos infectados para cada portador), será necessário rastrear 80% dos contatos para conter um surto, calcula um estudo na revista médica The Lancet. Na prática, diz o estudo, levaria três meses para controlar uma epidemia, desde que adotadas as medidas mais estritas de rastreamento e isolamento dos infectados.
Não há dúvida de que o mais importante para conter o contágio é a rapidez na ação das autoridades. Depois do vacilo inicial, a China passou a tratar a epidemia como uma guerra, com todos os custos arcados pelo governo. Seria possível a mesma determinação e obediência, caso o país não fosse uma ditadura? De acordo com Aylward, sim:
– É preciso uma mudança de mentalidade para obter uma resposta rápida. Você só vai levantar as mãos para o alto? Há um risco moral aí, um julgamento sobre o que pensa das populações vulneráveis. Pergunte se dá para fazer o que é fácil. Dá para isolar 100 pessoas? Dá para rastrear 1.000 casos? Se não der, vai espalhar na comunidade. É o medo do vírus que mobiliza.
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