Município de Juína não tem medicamentos contra a Covid-19; entenda
Enquanto não tem ivermectina, o município disponibilizou a hidroxicloroquina apenas para pacientes graves que estão internados no Centro Covid.
Por: Repórter em Ação
Publicado em 03 de Julho de 2020 as 16:01 Hrs
Vamos explicar direitinho. Existe um debate nacional sobre a implantação de um kit de remédios, uma forma de facilitar a chegada de medicamentos como ivermectina, azitromicina, dipirona, paracetamol, cloroquina entre outros, apontados por especialistas como excelentes no tratamento precoce do novo coronavírus. Pelo menos 9 cidades de Mato Grosso já implantaram a distribuição do Kit, outras debatem o assunto, como é o caso de Juína e Brasnorte. Ambas as cidades já tiveram aprovação até da Câmara de Vereadores, mas alguns prefeitos não querem colocar em prática este protocolo.
Em Juína, por exemplo, que já registrou 06 óbitos pela Covid, o prefeito Altir Peruzzo (PT), que é contra o Kit, disse à Band FM que não vê a necessidade de criar um kit, uma vez que esses medicamentos já estão à disposição da população.
“Nós mandamos manipular lá num primeiro momento ainda a cloroquina, a hidroxicloroquina, lá em Minas gerais num laboratório, inclusive a um custo baratíssimo, e temos a disposição, da mesma forma que nós temos os vermífugos, tem esses outros ali a disposição, aí são usados eventualmente conforme a prescrição médica, então o médico da unidade tem isso a disposição e ele utiliza quando ele entender que deve ser utilizado”, disse o prefeito.
Mas o Repórter em Ação apurou que a informação dada pelo prefeito não procede. Em diversas unidades de saúde visitadas pela reportagem, não foram encontrados esses medicamentos como ivermectina, azitromicina e muito menos cloroquina.
“Não tem medicamento nenhum em lugar nenhum. O médico se achar que o paciente tem que tomar algum remédio, ele vai prescrever, mas não tem no posto”, disse um profissional da saúde.
Alguns medicamentos como os antibióticos, por serem controlados, só podem ser distribuídos a população após prescrição médica e apenas na Farmácia Básica ou em PSFs que contam com um farmacêutico, como é o caso de uma unidade do módulo 05 e do módulo 06.
Mas a nossa reportagem descobriu que nem mesmo na Farmácia Básica esses remédios existem, e são justamente, a ivermectina e a cloroquina. A equipe não foi autorizada a entrar para ver o estoque de medicamentos.
O OUTRO LADO
A secretária de saúde Leda Villaça explicou que de fato o município não tem a ivermectina, e que está em aquisição. Com problemas numa licitação no mês passado, um novo processo foi preciso ser feito para iniciar a compra agora em julho.
Segundo a secretária, a prefeitura tem feito de tudo para fazer a aquisição da ivermectina e outros medicamentos, mas a escassez de medicamentos no mercado nacional e o aumento de preço exorbitante de comprimidos tem dificultado o reabastecimento das unidades.
Disse ainda que Juína possui a hidroxicloroquina, no entanto, a medicação só é usada apenas no hospital municipal, para pacientes internados no Centro Covid.
“Nós mandamos manipular, trouxemos mil comprimidos manipulados de uma farmácia de Minas Gerais, foi onde nós conseguimos encontrar, então, desde estão nós temos essa medicação..., nós pegamos esse medicamento, ele está no hospital municipal, sendo utilizado nos pacientes graves”, ressaltou.
Villaça explicou também que a cloroquina é usada exclusivamente para o tratamento da malária, pois é a cloroquina não manipulada.
Ou seja, pacientes que procurarem às unidades básicas de saúde não vão encontrar esses medicamentos.
Outra queixa de profissionais da saúde que estão na linha de frente, é em relação a falta de testes rápidos, já que os profissionais afirmam manter contato direto com pacientes com até resultado positivo pra Covid-19.
“Só estão tratando de quem tem sintomas, mas já foi provado que nem todo mundo vai ter sintomas, e essa pessoa vai estar por aí espalhando o vírus porque a prefeitura não testa ninguém, até nós que trabalhamos na saúde estamos nessa situação. Quem teve contato com pacientes infectados que até morreram inclusive por causa da Covid estão aí trabalhando normalmente no meio dos outros como se nada tivesse acontecido”, desabafou.
O Repórter em Ação apurou que o município de Juína recebeu cerca de 1.200 testes rápidos do governo de Mato Grosso e comprou outros 500, desse total não teria utilizado nem 500 testes.
KIT COVID EM JUÍNA
Com indicação do vereador Aélcio Moreira (Patriota), a Câmara aprovou por unanimidade a criação do Kit Covid, mas a implantação do mesmo enfrenta barreiras no executivo. O prefeito Altir Peruzzo chegou a “menosprezar” a indicação da Casa de Leis.
“A Câmara de Vereadores, com todo o respeito, qual que é grau de conhecimento técnico que os vereadores têm?... Então, você aprovar uma indicação dessa não tem valor nenhum”, disse o prefeito.
O autor da indicação por sua vez rebateu. “Muitas pessoas que batem no peito e falam que é contra o Kit Covid, todo mês o salário deles está caindo na conta. Agora aqueles coitadinhos que tem uma empresa pra tocar, não vão dar conta de pagar o aluguel deles, nem do funcionário deles, tudo por causa às vezes de um prefeito que não quer descer do salto”, disparou o vereador Aélcio Moreira.
Foi publicada no Diário Oficial de Conta, que circulou na segunda-feira (29), a Portaria Nº 053/2020, da Secretaria Municipal de Saúde, que regulamenta o uso do Kit Covid-19 nas unidades de saúde do município. De acordo com o documento, os medicamentos serão disponibilizados nas unidades da Atenção Básica e Secundária (UBS, ESF, UPAs e Policlínicas), mediante prescrição médica e disponibilidade dos medicamentos na rede.
A portaria estabelece que a prescrição dos medicamentos contidos no kit fica a critério do médico e consentimento do paciente. “É importante ressaltarmos que os médicos não são obrigados a receitarem o kit. Cada profissional tem a liberdade de prescrever o medicamento que achar mais indicado”, explicou o secretário-adjunto de Assistência em Saúde de Cuiabá, Luiz Gustavo Raboni Palma.
O Kit Covid-19 será composto pelos medicamentos Azitromicina, Ivermectina e um analgésico/antitérmico. “Apesar de não termos estudos que garantam a real eficiência destes medicamentos no combate ao novo coronavírus, alguns comprovaram eficácia in vitro com redução da multiplicação viral do coronavírus. Além disso, foram observados resultados positivos em várias localidades onde os medicamentos foram implantados precocemente. Tendo em vista a necessidade da adoção de medidas urgentes para o controle e contenção de riscos à saúde, a Secretaria de Saúde decidiu adotar a utilização”, explicou Palma.
Os médicos que receitarem o Kit Covid-19 para seus pacientes, deverão orientá-los a ler e assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para o uso dos medicamentos como tratamento sem comprovação da eficácia no combate à Covid-19.
O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso Eduardo Botelho também anunciou a compra de kits para tratar sintomas do novo coronavírus em deputados, servidores e dependentes.
FIOCRUZ PREVÊ 28 MIL CASOS DE COVID ATÉ DIA 11 EM MT; MORTES DOBRAM EM 9 DIAS
O número de mortes por Covid-19 em Mato Grosso dobrou em nove dias e agora, devido à falta de Unidades de Terapias Intensivas (UTIs), a situação em Mato Grosso pode piorar. No dia 18 de junho eram 295 mortes pela doença e no dia 29 o número saltou para 590 óbitos. As projeções são de que até o dia 11 de julho, o Estado atinja a marca de 28 mil casos da doença.
Até esta sexta-feira (3), ocorreram 706 óbitos e 18.356 casos confirmados do novo coronavírus. Hoje, Mato Grosso é o epicentro da doença no país, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Faltam leitos de UTI para os pacientes com Covid-19 no estado. Nesta sexta-feira (3), de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), tem 69 pacientes aguardando vaga de UTI. A taxa de ocupação nas UTIs é de 94,2%. Tem 226 pessoas na UTI e 299 em leitos de enfermaria.
Segundo o pesquisador da Fiocruz, Diego Xavier, a situação pode piorar, já que o estado ainda não está no pico da pandemia. "Com essa velocidade dos casos aumentando, a tendência é que nas próximas semanas sejam ainda mais difíceis", diz o pesquisador.
Para o pesquisador, o número de casos da doença está avançando muito rápido, o que pode agravar ainda mais o cenário. “A última vez que o número de óbitos dobrou no estado levou cerca de apenas nove dias. No dia 18 de junho a gente tinha 295 óbitos e no dia 29 de junho a gente passou para 590 óbitos. Então nessa velocidade do número de óbitos que está aumentando, ela tende a acentuar porque o suporte de UTI no estado está esgotado”, afirma.
Ele disse que dos 141 municípios mato-grossenses, 37 enfrentaram o pior momento da pandemia na semana passada.
“Cuiabá também é um município que tem apresentado essa velocidade. Para a gente ter uma ideia, no estado todo, se a gente for considerar os óbitos, dos 141 municípios, 37 municípios enfrentaram até semana passada o pior momento da epidemia”, afirma.
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