Fiscalização de vereadores em Brasnorte flagra entrega irregular de medicamentos e caso vai parar na polícia

 O que começou como uma simples fiscalização de rotina na farmácia básica do município de Brasnorte acabou se transformando em um caso de polícia na manhã desta quarta-feira (27). Os vereadores Célia Poletto, Norberto Júnior e Willian Braz flagraram uma entrega irregular de medicamentos, levantando sérias suspeitas sobre a legalidade dos processos de fornecimento adotados pela administração municipal.

A vistoria foi motivada por denúncias de moradores sobre a constante falta de medicamentos na rede pública. Durante a inspeção, os parlamentares foram surpreendidos com a chegada de uma camionete oficial da Secretaria Municipal de Educação ao prédio da farmácia. O veículo transportava diversas caixas de medicamentos – exatamente os mesmos que haviam sido citados nas reclamações.

O fato inusitado de um veículo de outra pasta estar sendo utilizado para o transporte de remédios já causou estranhamento, mas a situação se agravou com a ausência de qualquer documentação fiscal que comprovasse a legalidade da entrega. Questionado pelos vereadores, o responsável pelo transporte afirmou que apenas fazia o deslocamento da mercadoria da transportadora até a farmácia e que não portava nota fiscal.

Diante da irregularidade, o vereador Willian Braz permaneceu no local para acompanhar a descarga dos itens, enquanto Célia Poletto e Norberto Júnior seguiram até a transportadora para buscar esclarecimentos. Lá, os parlamentares conseguiram cópia da nota fiscal nº 208, emitida em 26/08/2025, no valor de R$ 3.720,00, além do conhecimento de transporte.

A análise da documentação revelou novas irregularidades: alguns medicamentos estavam em quantidade inferior à registrada na nota, outros produtos sequer constavam no documento apresentado, e havia indícios de que o valor real da carga era superior ao declarado.

A empresa fornecedora foi identificada como sendo de propriedade de Carlos Vinícius Vilas Boas Lopes, com sede em Várzea Grande (MT). Os vereadores relataram diversas tentativas de contato com o empresário, todas sem sucesso.

Diante das evidências, a Polícia Civil foi acionada e compareceu ao local para registrar a ocorrência. Os policiais realizaram a conferência detalhada da carga, documentando tanto os medicamentos excedentes quanto os itens em falta. Um inquérito será aberto para apurar responsabilidades e eventuais crimes relacionados ao fornecimento, transporte e possível superfaturamento dos medicamentos.

O caso lança novas luzes sobre a transparência e a gestão de recursos públicos em Brasnorte e deverá ser acompanhado de perto pelo Ministério Público e demais órgãos de controle.