Como as Câmaras Setoriais Temáticas Transformam Problemas Sociais em Políticas Públicas
Um levantamento que aponta o impacto das Câmaras Temáticas da Assembleia Legislativa de Mato Grosso
Por: Jornalista Luiz Pereira Bill
Publicado em 24 de Novembro de 2025 as 21:06 Hrs
Quem observa de fora imponência do prédio da Assembleia Legislativa, vê apenas vidros espelhados, ternos e pensa em burocracia. Mas em um estado com as dimensões continentais de Mato Grosso os desafios são igualmente grandes. Os problemas reais da população, desde a falta de moradia até à angústia silenciosa da saúde mental, não cabem em gabinetes fechados. É nesse vácuo entre a letra fria da lei e a diversidade de situações da vida cotidiana que as Câmaras Setoriais Temáticas (CSTs) têm operado uma revolução silenciosa.
Esqueça aquela imagem do político “sabe tudo”. Nas CSTs a lógica se inverte. “Somos como qualquer pessoa, não especialistas em tudo”, essa é a visão do deputado Carlos Avallone (PSDB). Ao presidir a câmara temática de saúde mental ele tocou no ponto central desta importante ferramenta: a chance de o legislativo reconhecer que não sabe de todos os problemas e em seguida convidar quem vivencia o problema na pele para ajudar a resolvê-lo.
O presidente da ALMT, Max Russi (PSB) reforça que “não se trata apenas de ouvir, mas criar diálogos eficazes”. É uma política de portas abertas onde a sociedade civil não é plateia, mas protagonista.
Mas afinal, como essa engrenagem funciona? A mecânica simples e desburocratizada. Nascidas a partir de um requerimento parlamentar, as CSTs têm prazo de validade de 180 dias, podendo ser prorrogado e uma missão clara, discutir temas específicos. Outro fato a ser considerado é o seu custo-benefício, pois trás zero custo para o erário, graças ao voluntariado.
O consultor do núcleo das câmaras setoriais temáticas Gonçalo Aparecido de Barros destaca que “quem senta à mesa e toca os trabalhos das CSTs, sejam acadêmicos, ONGs, ou líderes comunitários, está ali por propósito, não por salário. Eles “doam tempo e conhecimento para o bem da comunidade”. O resultado final não é apenas mais um papel para engavetar, mas um relatório final denso, capaz de virar políticas públicas, trazer soluções e virar até um projeto de lei.
Desde 2016, mais de 60 CSTs provaram que essa fórmula funciona. E não estamos falando de burocracia, mas de vidas salvas.Confira abaixo cinco momentos em que as CSTs saíram da teoria e mudaram a realidade mato-grossense:

O exemplo da CST da saúde mental é, talvez, um dos mais importantes cases de sucesso. Em 2019, a câmara temática se deparou com um cenário alarmante: identificou 205 mil casos de depressão no estado, um salto de 30% em seis anos. Ao invés de apenas lamentar pelos dados, a CST usou a informação técnica para articular uma solução financeira.
A ação resultou em um recurso histórico de R$ 88 milhões para a criação de centros de atenção psicossocial (CAPS), além de recursos via termo de ajuste de conduta (TAC) através do ministério público e emendas parlamentares. O impacto foi imediato, as reinternações caíram 48%, o que significa menos gente sofrente em hospitais e mais pessoas sendo acolhidas e reintegradas às suas famílias.
Claro, nem tudo são flores. As CSTs ainda lutam contra uma visibilidade tímida, o que às vezes impede que mais gente participe dessa construção. Porém, mais do que simples debates, essas câmaras têm se provado verdadeiros instrumentos de transformação. Elas humanizam a política ao mostrar que, por trás dos atos formais, existe escuta, empatia e,
principalmente ação.
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