Agrônomo da Band FM faz alerta a prefeitos e produtores sobre riscos de apostar tudo no café

Região noroeste de Mato Grosso é a maior produtora do estado.

Por: IVAN PEREIRA, Repórter em Ação

Publicado em 30 de Abril de 2025 as 12:19 Hrs

Um dos nomes mais respeitados da agronomia no noroeste de Mato Grosso, o agrônomo e comunicador da Band FM, Jaison Costa, fez um alerta contundente aos produtores de café da região e, principalmente, aos prefeitos e secretários municipais que vêm incentivando fortemente o cultivo da cultura em alta.

Durante debate sobre a expansão de áreas de café nos municípios de Juína, Brasnorte, Aripuanã, Colniza e outras localidades, Jaison fez um apelo: não apostar todas as fichas em uma única atividade econômica, mesmo que ela esteja em alta no mercado.

“Eu falo e tem produtor que fica bravo comigo. Eu digo: cuidado quando você aposta só nisso, quando isso está na alta. Atividade na alta é pra criar caixa, mas use esse tempo pra voltar a diversificar sua produção. Porque? Se todo mundo está entrando no café aqui, outras regiões do mundo também estão”, alertou.

O profissional lembrou que o preço atual do café está alto devido a uma seca severa no norte da África, que destruiu lavouras e reduziu a oferta global. Mas advertiu que, como se trata de uma cultura perene, a produção global pode se recuperar e o mercado voltar à saturação em até três anos, derrubando os preços.

“Prepare-se, meus amigos, para daqui 3 anos o café estar numa baixa histórica. Não fiquem cegos numa única atividade”, reforçou.

Jaison ainda sugeriu alternativas como o consórcio entre café e piscicultura, que pode oferecer maior segurança e eficiência no uso dos recursos naturais.

“Essa ideia do peixe é muito boa, porque a água dos tanques pode irrigar o café. O peixe é consumo local. O cacau e o café são commodities, a gente até consome aqui, mas são produtos de preço universal.”

A preocupação do agrônomo se estende aos gestores públicos. Para ele, prefeitos e secretários devem pensar com responsabilidade antes de apoiar economicamente apenas uma cadeia produtiva.

“Tenham maturidade ao incentivar uma única atividade. Se não têm conhecimento de mercado, contratem quem tem. Façam algo mais orgânico, planejado e sustentável”, aconselhou.

Cenário atual do café no Brasil

O Brasil é o maior produtor de café do mundo. A safra de 2025 está estimada em 51,8 milhões de sacas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A área cultivada é de 2,25 milhões de hectares, sendo 1,85 milhão em produção ativa.

Embora os maiores estados produtores sejam Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia, o Mato Grosso figura entre os 10 maiores estados produtores, com destaque para Colniza, Juína, Aripuanã, Nova Bandeirantes e Cotriguaçu. A produção no estado deve chegar a 270,8 mil sacas em 2024, com crescimento de 4% em relação ao ciclo anterior.

Apesar de ser o maior produtor global, o Brasil não lidera o consumo per capita. Esse título pertence à Finlândia, com média de 12 kg por pessoa ao ano, enquanto Estados Unidos e Brasil são os maiores consumidores em volume total.

CUSTO

O preço da saca de café arábica, tipo 6 bebida dura bica corrida, no mercado físico, varia de acordo com o município e a cooperativa, mas em geral, encontra-se na faixa de R$ 2.600,00 a R$ 2.800,00 por saca de 60kg. Em algumas regiões, como Guaxupé/MG (Cooxupé), pode variar entre R$ 2.624,00 e R$ 2.730,00. O preço do café Conilon também varia, podendo estar em torno de R$ 1.650,00 por saca.

banco_img/banners/banner_12/1665941975.gif

banco_img/banners/banner_17/7853624336.gif

banco_img/banners/banner_10/7463197782.gif

banco_img/banners/banner_3/6066919127.jpg

- COMENTÁRIOS

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.