Vereadores de Juína votam contra aumento de Verba Indenizatória, mas recebem normalmente

O promotor de justiça Marcelo Linhares terá audiência com os parlamentares para discutir a redução desse valor.

Por: Repórter em Ação

Publicado em 25 de Abril de 2022 as 12:20 Hrs

Gleynei e Luiza em pé se manifestam contra o aumento da verba durante votação

Em fevereiro deste ano, alguns projetos que tratavam de reajustes e aumentos, entraram em pauta na Câmara de Vereadores de Juína. Reajuste (RGA de10,16%) para todos os servidores, inclusive aos parlamentares, aumento no valor das diárias de R$ 300 para R$ 450 cada, e o mais polêmico, o aumento no valor da Verba Indenizatória. Todos foram aprovados, mas este último chamou a atenção de dois vereadores que votaram contra. Gleynei Griz (PSL), vice-presidente da Casa de Leis e Luiza Böer (DEM), 1ª secretária da mesa diretora, não concordaram com o aumento de 50% da verba elevando o valor de R$ 2 mil para R$ 3 mil para cada vereador.

Na primeira votação, no dia 14 de fevereiro, sem discussão sobre o tema polêmico, os dois vereadores apenas se levantaram para votar contra, mesmo assim o projeto foi aprovado por 10 votos a 2. Agora, conforme já antecipamos no Repórter em Ação, o promotor de justiça Marcelo Linhares terá audiência com os parlamentares para discutir a redução desse valor.

O que chamou mais atenção nos últimos dias, é que os vereadores contrários ao aumento da verba indenizatória, receberam o valor total no mês seguinte, conforme documentos obtidos pela reportagem.

No dia 30 de março, o vereador Gleynei Griz, solicitou o valor integral de R$ 3 mil, valor empenhado e pago.

JUSTIFICATIVA DO VEREADOR

Não concordei, pois não era o momento para o aumento, e tentei conscientizar os demais vereadores. Que, porém, tendo passado e aprovado o projeto de lei e sancionado pelo prefeito, e considerando que existe dotação orçamentária para isso, não vejo problema algum na utilização de indenização prevista em lei. Que inclusive entendo pela legalidade da lei conforme parecer expedido pelas comissões.

Da mesma forma agiu a vereadora Luiza Böer. Ela também requereu o valor de R$ 2.700. Questionada pela reportagem se não seria uma incoerência defender algo e na prática fazer diferente, Luiza respondeu que usou o valor porque “produziu mais”.

JUSTIFICATIVA DA VEREADORA

Quando tramitou o projeto [em fevereiro de 2022] eu fui contra pelo cenário econômico, pelo momento delicado de pandemia e pelo valor já ser representativo para custear o que preconiza a lei. Continuo pensando dessa forma. Nunca recebi na integralidade como foi proposto. No mês de fevereiro continuei com o mesmo valor e apenas no mês de março a solicitação da verba foi maior pela minha produtividade. O meu relatório do último mês foi o mais extenso desde que estou no mandato.

Quando o caso veio à tona, muita gente se manifestou com repúdio.

“Quero questionar que a gente trabalha muito aqui no hospital municipal e nosso salário é de mil e quinhentos reais, não chega isso. Que absurdo salário desses vereadores”, disse uma ouvinte da Band FM.

“É muito triste saber desses aumentos para os vereadores, pensando nos professores que são obrigados a sempre estarem estudando, se especializando pra conseguir melhorar um pouquinho seu salário que no nosso município não chega a R$ 3.500,00. Muitas vezes tendo que intercalar com outra atribuição para ajudar nas despesas... Lamentável. Professor tem que gastar desse salário para se deslocar as vezes pra outras linhas para trabalhar sem ter verba nenhuma”, desabafou uma professora.

VALOR DO COMBUSTÍVEL JUSTIFICA O AUMENTO DA VERBA?

Como o principal questionamento dos vereadores para aprovação do aumento da verba foi a questão dos preços dos combustíveis, o Repórter em Ação ouviu um professor de matemática para calcular quanto cada vereador poderia percorrer por dia no município. Os números são impressionantes.

Suponhamos que o vereador utilize um veículo que faça em média 9 km por litro de combustível, no preço médio atual de R$ 7 o litro, o vereador conseguiria percorrer pelo menos 175 km por dia. Ou seja, daria para ir a Castanheira quase 4 vezes por dia, ou ir a Brasnorte todo dia.

- 428 litros de combustível (gasolina) por mês

- média de 9 km por litro / 428 X 9 = 3.852 km

- 3.852 km/22 (dias úteis) = 175 km dia

Ainda são poucos os casos de políticos econômicos, mas acredite, eles existem na política brasileira: que falam e fazem. No congresso nacional, por exemplo, vários deputados abriram mão de verbas e regalias.

O deputado campeão de economia foi Tiago Mitraud (Novo-MG): 18.350 reais entre janeiro e dezembro de 2021. Se quisesse, poderia ter usado até 433.112 reais (a cota para deputados de Minas Gerais é de 36.092 reais por mês).

Administrador com formação pela Universidade Federal do Paraná e um curso de desenvolvimento de liderança em Harvard (EUA), ele está no seu primeiro mandato. Na Câmara, tem se destacado por defender pautas liberais, como redução do estado e a abertura da economia. (Com informações de Veja)

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