Prefeito tenta barrar aumento, mas vereadores derrubam vetos em menos de um minuto
A Câmara terá agora mais recursos do que a secretaria de Agricultura.
Por: Repórter em Ação
Publicado em 24 de Novembro de 2025 as 17:41 Hrs
Em Juína, a Câmara Municipal parece cada vez mais desconectada da opinião pública — e até mesmo das consequências políticas de seus próprios atos. Na sessão desta segunda-feira (24), os vereadores derrubaram por unanimidade, e sem qualquer debate, o veto do prefeito Paulo Veronese ao aumento de R$ 1,8 milhão no duodécimo do Legislativo.
A votação, feita em menos de um minuto, escancarou o que já vinha sendo percebido: os parlamentares não estão dispostos a ouvir críticas — nem da população, nem do Executivo.
Após a leitura rápida do secretário, o presidente Aélcio Moreira colocou o veto em discussão. Nenhum vereador levantou a mão, pediu a palavra ou sequer demonstrou intenção de justificar o próprio voto. Na sequência, a decisão do prefeito foi derrubada.
Com isso, a Câmara eleva seu orçamento anual de R$ 7,4 milhões para R$ 9,2 milhões em 2026.
Antes mesmo da votação, o Legislativo já havia tentado um atalho jurídico: acionou a Justiça para tentar derrubar o veto do prefeito, alegando que a Prefeitura havia publicado equivocadamente a lei no Diário Oficial sem assinatura do chefe do Executivo.
Mas o argumento não convenceu.
No dia 12 de novembro, o juiz Patrick Coelho Campos Gappo indeferiu o pedido liminar do Mandado de Segurança movido pelos parlamentares. A decisão expôs ainda mais o desgaste entre os poderes e deixou claro que a tentativa da Câmara de validar um erro administrativo como lei era frágil — e politicamente constrangedora.
O conflito ganhou forma no dia 26 de setembro, quando os vereadores aprovaram, também por unanimidade, o aumento de R$ 1,8 milhão no duodécimo em sessão extraordinária. A reunião ocorreu logo após um encontro dos parlamentares com o prefeito.
Agora aprovado, o orçamento da Câmara deve ultrapassar o de áreas essenciais do município:
- Esportes: R$ 8,7 milhões
- DAES: R$ 9,1 milhões
- Agricultura: R$ 5,6 milhões
Com o acréscimo, o Legislativo ficaria praticamente no mesmo patamar do órgão que garante a água da cidade e com quase o dobro dos recursos destinados ao setor agrícola.
O prefeito vetou o aumento em 20 de outubro, alegando inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse público.
A insistência da Câmara em tentar impor sua versão dos fatos tem produzido um efeito colateral: a imagem do Legislativo está cada vez mais arranhada. A tentativa frustrada de judicializar um erro administrativo e a rapidez com que se derrubou o veto reforçam a percepção de que os vereadores atuam de forma automática, e sem diálogo com a população.
E, ao que tudo indica, o prefeito Paulo Veronese enfrenta hoje uma Câmara que já não o acompanha — nem mesmo os vereadores que compunham sua base. Projetos considerados sensíveis pelo Executivo já não contam com apoio nem do líder do governo na Casa.
O resultado? Um clima político cada vez mais tenso, uma queda de braço que parece longe do fim e uma Câmara que, a cada movimento, demonstra que não está preocupada com críticas — mas, ao que tudo indica, muito confortável em ampliar seu próprio orçamento.
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