Funai de Juína gasta R$ 85 mil em limpeza de terreno, mas área permanece suja

Apesar do gasto, área continua tomada pelo mato

Por: Repórter em Ação

Publicado em 17 de Outubro de 2025 as 13:03 Hrs

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) de Juína (MT) desembolsou em menos de 2 anos mais de R$ 85.000,00 em dois contratos de limpeza de um terreno abandonado, que hoje se encontra novamente coberto por vegetação.

Os gastos com a limpeza do terreno baldio geraram uma denúncia formal à auditoria interna do órgão apontando possível superfaturamento e serviço mal executado. Os contratos foram firmados em 2024 e 2025. A primeira empresa, contratada por R$ 30.000,00, era de Juína. Já a segunda, no valor de R$ 55.000,00, tem sede em Rio Branco (Acre).

Além do valor, o denunciante questionou a qualidade do serviço prestado pela segunda empresa. De acordo com o relato, a limpeza "não foi abrangente" e teria durado apenas três dias, trabalho que consistiu em "uma pequena roçagem, poda de duas mangueiras e aplicação de veneno em um pequeno espaço", deixando cerca de 90% do terreno ainda sujo e tomado por mato.

O montante pelo serviço é um dos pontos centrais da reclamação. "É um absurdo pagar R$ 55.000,00 para um serviço de três dias", escreveu o denunciante.

Enquanto isso, o órgão funciona em um prédio alugado, que sofre com a falta de manutenção, inclusive a fachada da unidade está irreconhecível, totalmente degradada pela ação do tempo. A situação gera insatisfação entre a comunidade indígena local, que vê recursos sendo potencialmente mal aplicados enquanto a estrutura que deveria atendê-los se degrada, reclamação que se estende aos veículos da instituição.

Atual sede da Funai de Juína, na Av. JK.

Funai se Defende

Procurado pela reportagem, o coordenador da Funai em Juína, Marcelo Munduruku, não quis gravar entrevista, mas confirmou os pagamentos. Ele disse ter sido notificado sobre a denúncia e já ter prestado esclarecimentos à auditoria.

Marcelo Munduruku justificou o valor de R$ 55.000,00 afirmando que ele incluiu o aluguel de máquinas para poda, limpeza, recolhimento de detritos vegetais e pulverização de defensivos para controle de pragas. O coordenador declarou-se tranquilo em relação à denúncia e afirmou que aguardará o resultado das investigações.

Sobre o estado precário da sede atual, o coordenador alegou que a Funai enfrenta problemas orçamentários. Disse ainda que, com a reestruturação da unidade e organização administrativa, o próximo objetivo é captar emendas parlamentares para a construção de uma sede própria.

A justificativa, no entanto, não explica a escolha de priorizar gastos significativos com um terreno abandonado em detrimento da manutenção mínima do espaço que abriga seus servidores e o atendimento ao público, principal motivo de reclamação das etnias indígenas, além da precarização dos veículos que atendem as comunicades, isoladas em áreas de dificil acesso.

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