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Bispo de Juína assina carta contra Bolsonaro e causa polêmica; Entenda
Não é a primeira vez que o nome do bispo aparece em polêmicas.
Por: Repórter em Ação
Publicado em 30 de Julho de 2020 as 12:24 Hrs
O nome do bispo da Diocese de Juína Dom Neri José Tondello está envolvido em uma nova polêmica. Desta vez a questão é uma carta assinada por ele e por mais de 150 arcebispos e bispos da Igreja Católica com duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No documento, os religiosos citam que o governo federal demonstra "omissão, apatia e rechaço pelos mais pobres", além de "incapacidade para enfrentar crises". A reportagem foi publicada pelo G1, o portal de notícias da Globo.
Ao longo do texto, os bispos afirmam que a situação "é visível nas demonstrações de raiva pela educação pública; no apelo a ideias obscurantistas; na escolha da educação como inimiga e nos sucessivos e grosseiros erros na escolha dos ministros".
A carta, que seria publicada na última quarta-feira (22), chegou a ser suspensa para análise do Conselho permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no entanto, acabou vazando no domingo (26).
A secretaria de comunicação da CNBB informou que o documento "nada tem a ver" com a conferência." É de responsabilidade dos signatários". O Palácio do Planalto disse que não vai comentar o caso.
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Ainda de acordo com o texto, chamado de "Carta ao Povo de Deus", os bispos e arcebispos afirmam que o presidente da República usa o nome de Deus para "difundir mensagens de ódio e preconceito".
"Como não ficarmos indignados diante do uso do nome de Deus e de sua Santa Palavra, misturados a falas e posturas preconceituosas, que incitam ao ódio, ao invés de pregar o amor, para legitimar práticas que não condizem com o Reino de Deus e sua justiça?".
O documento também pede "união" por um diálogo contrário às ações do governo. Neste ponto, os religiosos convocam os leitores para "um amplo diálogo nacional que envolva humanistas, os comprometidos com a democracia, movimentos sociais, homens e mulheres de boa vontade, para que seja restabelecido o respeito à Constituição Federal e ao Estado Democrático de Direito".
"[...] com ética na política, com transparência das informações e dos gastos públicos, com uma economia que vise ao bem comum, com justiça socioambiental, com 'terra, teto e trabalho', com alegria e proteção da família, com educação e saúde integrais e de qualidade para todos."
O Bispo de Juína, procurado pela reportagem, preferiu não se manifestar.
Um outro site, denominado Templários de Maria, divulgou a relação de nomes dos religiosos que assinaram a carta.
![](/banco_img/noticias/noticia_5710/images/BISPO%20ASS.jpg)
Bolsonaristas criticaram duramente a atitude dos religiosos. O Site Brasil Sem Medo publicou que apesar de só divulgada agora, a “Carta ao Povo de Deus” já era de conhecimento interno na CNBB desde pelo menos o dia 22 e gerou muitos atritos. Sabe-se que a cúpula da entidade era contrária à publicação do documento até sua análise pelo Conselho da Conferência. Vetado pela CNBB o documento saiu como um “vazamento” e foi divulgado pela Folha de São Paulo. De acordo com a jornalista Mônica Bergamo “há um temor entre signatários do documento de que o setor conservador do órgão impeça a divulgação”.
O episcopado brasileiro, atualmente, é composto por 489 bispos, arcebispos e bispos eméritos. É por isso que, logo no começo, a “Carta ao Povo de Deus” afirma sua comunhão com o Papa Francisco e com a própria CNBB. Os 152 signatários representam menos de um terço da Conferência Nacional e afirmar a “unidade” com os demais bispos e com o Papa é uma clara tentativa de legitimar o documento perante os católicos.
Além disso, fontes ligadas ao Brasil Sem Medo relataram que a publicação causou muito descontentamento na CNBB, sobretudo pela esperada reação dos conservadores. Fala-se, inclusive, na quebra da unidade e da colegialidade episcopal.
Embora devam obediência somente ao Papa, que tem o primado de jurisdição, desde o começo do século XX os bispos católicos têm se organizado em conferências e organizações de colegiado em que, como pares e iguais, tomam decisões que são aceitas em comum. A formação dessas conferências, inclusive, foi muito incentivada pelos progressistas que, agora, parecem se rebelar contra essa unidade.
A publicação do documento através de um vazamento à imprensa expõe os conflitos internos da CNBB e a revolta de um grupo minoritário e radical que tenta manobrar a Conferência para seus fins políticos.
Ainda segundo o site Brasil Sem Medo A divulgação a qualquer custo da “Carta ao Povo de Deus” tem um endereço certo: a popularidade de Jair Bolsonaro. O Presidente da República aparece derrotando todos os adversários em um cenário de reeleição e mantém altos índices de aprovação mesmo em meio à “tempestade perfeita” a que se refere o documento.
Além disso, a maioria dos católicos tem apoiado o governo e desmascarado bispos e padres adeptos da Teologia da Libertação ou que usam o sacerdócio para fazer política partidária. O caso mais recente é o do padre Edson Adélio Tagliaferro, da diocese de Limeira em São Paulo. Padre Edson chamou Bolsonaro de “bandido” e disse que quem havia votado nele “deveria se confessar e pedir perdão”. O caso ganhou destaque nacional e o vídeo com o trecho da homilia do religioso ganhou o país.
Com a repercussão negativa, em 6 de julho o bispo da Diocese de Limeira, Dom José Roberto Fortes Palau, disse que o padre Edson Adélio Tagliaferro “reconhece que se excedeu em suas palavras e pede desculpas ao Sr. Presidente da República e a todos que se sentiram de algum modo atingidos”.
MANIFESTAÇÃO DE REPÚDIO:
Nesta quarta-feira (29), cerca de 70 mulheres católicas participaram de uma manifestação de repúdio em frente à igreja matriz de Juína. Elas preferiram não se manifestar e nem divulgar imagens com medo de represália. Nas redes sociais o assunto ganhou grande repercussão.
OUTRAS POLÊMICAS:
Em março de 2018 o religioso foi acusado através de um áudio que viralizou nos grupos de WhatsApp de promover reuniões políticas em apoio ao candidato a deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Luis Braz, que obteve menos de 9 mil votos em toda a região, e um pouco mais de 4 mil votos somente em Juína.
Na época Tondello negou veementemente. “O que diz no áudio não confere. Sei o meu lugar. Fui professor de ética. O assunto de segunda-feira decorre exatamente por conta dos problemas ambientais, e o que podemos fazer junto com medidas educativas para melhorar a realidade neste setor”, rebateu.
Agora em 2020, outra polêmica, o bispo foi acusado por proprietários de terras no município de Brasnorte que vivem o drama da ampliação de terra indígena, de interferir em um Projeto de Lei (PL) que tramitava na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, onde caso fosse aprovado, autorizaria os produtores a ter acesso ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), para poder vender suas produções, hoje embargadas em função do processo na Funai.
O bispo gravou um vídeo (veja aqui) que não agradou os produtores rurais que vivem nessas propriedades a mais de 30 anos, onde alertou ao governador Mauro Mendes (DEM) e aos deputados estaduais que o projeto de lei da autoria do Executivo que autorizou o cadastro de fazendas em terras indígenas poderia gerar conflitos com fazendeiros e "instabilidade imprevisível" entre mais de nove povos indígenas na região noroeste e 27 em todo Estado que serão atingidos pela nova lei.
A revolta é que segundos os produtores rurais, o religioso não buscou conhecer a realidade e não ouviu às famílias envolvidas no processo. O PL foi a votação e o trecho que beneficiava os produtores foi retirado (Leia mais sobre o caso).
Com informações do G1 e Brasil Sem Medo
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