Concorrência da CBF vendeu negócio que deu R$ 100 mi de prejuízo
Até 2018, Globo negociava venda de placas de publicidade do Brasileiro
Por: Folha de S. Paulo
Publicado em 02 de Abril de 2019 as 16:20 Hrs
Vencedora de uma concorrência organizada pela CBF —da qual a Folha já sabia do resultado com mais de um mês de antecedência—, a Sport Promotion adquiriu um negócio que deu prejuízo superior a R$ 100 milhões para a Globo nos últimos três anos.
Até 2018, o grupo de mídia negociou as placas de publicidade posicionadas na beirada do campo em partidas do Brasileiro. A exclusividade foi adquirida junto com a compra dos direitos de transmissão. Por contrato, a empresa era obrigada a fazer repasse anual de R$ 80 milhões aos clubes, independentemente do resultado das vendas.
Na renegociação dos direitos para as edições a partir de 2019, a Globo abriu mão de negociar esses espaços. Em 2018, o déficit nessa operação superou R$ 50 milhões.
O direito foi cedido aos clubes no novo contrato de televisão do Brasileiro, válido a partir deste ano. A CBF, então, chamou as equipes e organizou uma venda conjunta.
Os clubes repassariam o direito de exploração das placas para uma empresa vender no mercado. No ano passado, a vencedora da concorrência foi a BR New Media. A Folha divulgou inconsistências no processo, que foi anulado posteriormente.
Uma nova concorrência foi feita pela CBF e teve a Sport Promotion como escolhida, em março. O procedimento foi auditado pela Ernst & Young.
Ainda em janeiro, antes de a CBF receber ofertas das concorrentes, a Folha havia registrado em cartório e publicado nos classificados que a Sport Promotion seria a vencedora.
O contrato prevê pagamento de cerca de R$ 55 milhões por ano, em cinco anos de acordo, aos clubes da Série A.
Flamengo e Corinthians também fecharam com a Sport Promotion, mas fora da concorrência. Por duas temporadas, cada um receberá R$ 12 milhões anuais.
Em 2019 e 2020, a empresa vai gastar cerca de R$ 79 milhões por ano com o negócio, valor próximo aos R$ 80 milhões pagos pela Globo.
Até 2018, uma placa de 10 m² custava cerca de R$ 11 milhões. O valor correspondia a exploração do local nos 380 jogos do Brasileiro. Cada jogo tem 23 placas ao redor do campo.
Nos últimos anos em que foi dona do direito, a Globo teve dificuldade para vender esses espaços no mercado. A emissora chegou a usar as placas para exibir produtos próprios e divulgação de programas como Conversa com Bial e plataformas como o site Globoesporte.com, Globo Play e o jogo Cartola FC.
Para vender as placas no mercado, empresas como a Sport Promotion procuram potenciais clientes e negociam os valores de cada mídia de forma individual. No caso da Globo, a emissora dava preferência aos parceiros fixos do futebol da emissora, que já eram anunciantes da transmissão dos jogos e pagavam cerca de R$ 300 milhões pela exclusividade no pacote.
Agora dona das placas, a Sport Promotion possui longa relação com o ex-presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, hoje banido pela Fifa por corrupção.
Foi sob a gestão de Del Nero que a empresa faturou cerca de R$ 75 milhões em negócios com o governo federal que envolveram a CBF, desde 2012. O ano marca a chegada do dirigente à confederação, primeiro como vice de José Maria Marin, preso nos EUA, e depois, de 2015 a 2017, como mandatário da entidade.
O primeiro negócio foi a exploração da publicidade estáticas da Série B do Brasileiro, por indicação do próprio Marco Polo Del Nero, que tinha relações com a empresa na Federação Paulista de Futebol, entidade que comandou.
Depois, a empresa levou o Brasileiro feminino e também teve o licenciamento nacional para TV aberta e até internacional em caráter de exclusividade das séries C e D do Brasileiro, além de torneios nacionais sub-17 e sub-20.
A Sport Promotion afirmou que sua relação com Del Nero sempre foi profissional.
Procurada para comentar o porquê de ter se envolvido em um negócio que vem sendo deficitário, a empresa disse à Folha que as dúvidas sobre estratégia de vendas e resultados da Globo devem ser encaminhadas à própria Globo, à Ernst & Young e à CBF.
A empresa acrescentou que “tem expertise nessa área e plena convicção na sua estratégia de comercialização para o crescimento e fortalecimento das propriedades de arenas e estádios”.
O Grupo Globo afirmou que não irá comentar.
EUROPEUS LUCRAM COM PLACAS VIRTUAIS E AUDIÊNCIA GLOBAL
A venda de placas de propaganda na beira do gramado é um negócio lucrativo nas grandes grandes ligas de futebol da Europa. Com audiência global, os torneios usam tecnologia para aumentar as receitas com a publicidade.
Na Alemanha, por exemplo, os clubes adotaram um sistema chamado “substituição virtual”, que possibilita mudar a publicidade que é exibida nas placas de acordo com o país em que o jogo é transmitido na televisão.
Por exemplo, o patrocinador que aparece em uma placa na transmissão na televisão do Japão pode ser uma montadora de automóveis, enquanto a marca que é mostrada, no mesmo instante, na transmissão para os EUA é uma empresa de eletrodomésticos.
Além do Alemão, os campeonatos Espanhol e Inglês já testaram as placas virtuais.
A implementação do sistema atende a uma necessidade básica: a presença de placas de LED à beira do gramado. No Old Trafford, estádio do Manchester United (ING), a colocação de placas eletrônicas custou ao clube 150 mil libras (cerca de R$ 760 mil).
Segundo a Nielsen Sports, empresa de análise e consultoria da indústria do esporte, os 18 clubes da primeira divisão do Alemão poderiam atingir 60 milhões de euros (cerca de R$ 260 milhões) de faturamento com a implementação das placas virtuais à beira do campo —um aumento de 7% na receita coletiva da liga.
- COMENTÁRIOS
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
09:55
Candidatos a prefeito da região noroeste: Um mapa do patrimônio
Veja quem são os candidatos a prefeito mais ricos.
19:22
Polícia Civil lamenta falecimento do delegado André Luis Barbosa
O delegado André Luis ingressou na Polícia Civil em 19 de julho de 2012 e atuou em unidades policiais das Regionais de Juína e Pontes e Lacerda.
12:30
Band FM contrata pesquisas para Juína, Brasnorte e Aripuanã
Os dados obtidos servirão como um termômetro para as campanhas eleitorais.
10:51
Candidatos a prefeito de Juína arrecadam quase R$ 250 mil para campanha
É importante destacar que os candidatos a prefeito de Juína têm um teto de gastos definido pela Justiça Eleitoral.
09:35
Candidata à prefeitura de Aripuanã se recusa a participar de debate
Sem debate, a emissora realizou uma entrevista com um dos candidatos.
08:57
Réu por homicídio e tentativa de feminicídio em Juína tem prisão restabelecida
Gilmar Bernardes Prestes descumpria rotineiramente as condições da prisão domiciliar.
16:58
Governador cobra leis mais duras e punição rigorosa para pessoas que provocam incêndios
De acordo com ele, o Congresso Nacional precisa criar leis mais severas, com penas mais pesadas para quem comete crimes ambientais, a exemplo dos incêndios.
16:56
Governo do Estado divulga novos beneficiados com a CNH de graça nesta terça-feira
A informação foi dada pela primeira-dama de Mato Grosso, Virginia Mendes, que é idealizadora da iniciativa.
16:46
Mesmo sem concurso, ministro do STF mantém tabeliã em Juína
O cartório foi incluso na lista de serventias vagas no edital do concurso aberto pelo TJMT neste ano
11:12
Prejuízos de municípios com queimadas aumentam 33 vezes em 2024
Até aqui no ano, 749 municípios declararam emergência por incêndios, com 11,2 milhões de pessoas afetadas
MAIS LIDAS
Polícia Militar prende jovem por tráfico de drogas em Cotriguaçu
Candidata à prefeitura de Aripuanã se recusa a participar de debate
Band FM contrata pesquisas para Juína, Brasnorte e Aripuanã
Candidatos a prefeito da região noroeste: Um mapa do patrimônio
Nesta quarta tem debate entre os candidatos à prefeito de Aripuanã
Candidatos a prefeito de Juína arrecadam quase R$ 250 mil para campanha
Polícia Civil lamenta falecimento do delegado André Luis Barbosa