Com escola em camarotes, Arena custa R$ 3 mi por ano ao Governo
Estados que adotaram outras fórmulas para assegurar os jogos da Copa e assumiram o controle do estádio
Por: O GLOBO
Publicado em 07 de Janeiro de 2019 as 14:41 Hrs
Apenas em 2018, quatro anos após o fim da Copa do Mundo no Brasil, quase R$ 400 milhões saíram dos cofres públicos para cobrir gastos com estádios construídos para o Mundial. Até arenas consideradas sucesso de público, como o Mineirão, ainda dão dor de cabeça aos governos estaduais. Além disso, muitas delas se distanciam cada vez mais do propósito original e deixam o futebol de lado para que o espaço seja ocupado com outras funções, que vão de escola a palco de festas.
Em 2014, para que a Copa fosse viabilizada, foram gastos R$ 8,3 bilhões em estádios, segundo dados do Ministério do Esporte. O BNDES financiou boa parte do montante — e, em muitos casos, os empréstimos foram tomados por governos estaduais, sozinhos ou em parcerias com o setor privado (PPPs).
No caso das PPPs, os estádios foram entregues para exploração pelo setor privado, e o acerto previa que o retorno que obtivessem a partir do uso dessas estruturas em jogos, shows e eventos seria usado para ajudar a pagar os empréstimos.
Mesmo estádios como o Mineirão, considerado um sucesso de público — em 2018 recebeu mais de 50 jogos —, não cobrem o custo dos investimentos até hoje. No orçamento de 2018, havia a previsão que o governo do Estado pagasse R$ 132 milhões para a concessionária.
A Arena das Dunas, em Natal, que recebeu 25 jogos em 2018, e a Arena Fonte Nova, na Bahia, palco de 37 partidas, também vivem situação semelhante a de Minas. Nos dois casos, o custo anual dos governos com os empréstimos supera R$ 100 milhões.
As duas, assim como o Mineirão, são administradas por concessionárias ligadas às empreiteiras responsáveis pela sua construção. No entanto, como no caso da Arena das Dunas, a concessionária conseguiu garantir no contrato a impossibilidade de prejuízo. Se a operação da arena for inferior ao débito mensal, o estado completa a conta. Nos dois casos, o dinheiro direcionado para a construção dos estádios virou alvo da Lava-Jato.
A Arena Fonte Nova recebe os jogos do Bahia, que está na Série A e vem tendo bons resultados nos últimos anos, mas a Arena das Dunas depende exclusivamente do América de Natal, que tem média de público menor do que quatro mil torcedores. É um dos estádios que buscou alternativas completamente fora do escopo inicial para manter o local ativo diariamente, recebendo eventos como o Carnatal, além de festivais de música, feiras de negócios e até festas universitárias
— A adoção do modelo multiuso tem o propósito de tornar esses espaços mais atrativos e ampliar o público de interesse para além do futebol — diz Italo Mitre, presidente da concessionária que administra o estádio em Natal.
Estados que adotaram outras fórmulas para assegurar os jogos da Copa e assumiram o controle do estádio também não conseguem sair do prejuízo. Arena que desde antes da reforma já era apelidada de "elefante branco", o Mané Garrincha, em Brasília, custou em 2018 R$ 700 mil por mês aos cofres do DF. O estádio recebe, em média, 20 jogos por ano desde o fim da Copa, muitos de clubes cariocas, além de shows.
MUDANÇA NO CEARÁ
A Arena Pantanal, no Mato Grosso, gera um gasto anual de R$ 3 milhões ao estado. O principal clube é o Cuiabá, que subiu este ano para a Série B. Sem muitas alternativas de uso do estádio, o governo optou por transformá-lo numa escola: no segundo andar do setor leste da arena funciona a Escola Estadual Governador José Fragelli. Alunos do ensino fundamental e ensino médio frequentam as aulas a de manhã, no estádio, e à tarde praticam esportes. A iniciativa serve mais para dar algum uso ao estádio do que para tentar aplacar os prejuízos com a manutenção.
Em Pernambuco, a operação do estádio foi para as mãos do governo estadual em 2016. A ideia era que os três grandes clubes do estado fizessem seus jogos no local, mas apenas o Náutico firmou parceria para tirar seus jogos do Estádio dos Aflitos, que, porém, foi reinaugurado mês passado. A tendência agora é de que a Arena Pernambuco, de R$ 532 milhões, e que custou R$ 10,9 milhões aos cofres do estado o ano passado, fique praticamente abandonada.
No Ceará, a Secretaria de Esportes deve adotar uma nova forma de administração, compartilhada com Ceará e Fortaleza após um gasto de R$ 518 milhões com a concessionária desde o início das reformas da Arena Castelão, em 2010. O contrato, de oito anos, terminou em dezembro.
- COMENTÁRIOS
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
12:12
Operação Cleópatra desarticula esquema de pirâmide financeira com dezenas de vítimas em Cuiabá
Entre os investigados estão uma empresária, um médico e um ex-policial federal, que coordenavam uma empresa de investimentos
19:46
Idoso morre após ser atropelado por veículo da prefeitura de Brasnorte
Nilson seguia de bicicleta pelo acostamento, no mesmo sentido que o veículo
18:09
Prefeito esclarece troca de secretários em Juína
Segundo o prefeito, haverá troca, mas para melhoria da gestão
16:58
Prazo para rematrícula de estudantes da Rede Estadual termina nesta quinta-feira (31)
Para facilitar o processo, pais ou responsáveis têm à disposição duas opções para realizá-la online: o aplicativo MT Cidadão e o Portal MT GOV
21:19
Vereador registra boletim de ocorrência por ameaça contra prefeito de Brasnorte
O boletim de ocorrência, ao qual o Repórter em Ação teve acesso, descreve ameaças de diversas naturezas
16:38
Aliados de Motta buscam consenso com Elmar e Brito para sucessão na Câmara
Indicação ao TCU e reforma ministerial são alternativas para construção de acordo
16:20
MPMT denuncia empresários por exposição de público a perigo iminente
De acordo com o MPMT, o delito foi cometido na noite de 12 de setembro de 2024.
18:06
Regras de financiamento imobiliário pela Caixa vão mudar
Alterações passam a valer na próxima sexta-feira (1º). Clientes precisarão dar pelo menos 30% do valor do imóvel de entrada pelo sistema de amortização SAC e 50% pelo sistema Price.
18:02
Mais de 70 pinguins são devolvidos ao mar após serem resgatados em SC
Animais chegam às praias de Florianópolis durante temporada de migração de 2024 e são resgatados por ONG
17:54
Armados com fuzil, traficantes são presos com 80 kg de cocaína no RS
Um dos criminosos chegou a apontar a arma com o objetivo de atirar nos policiais, mas desistiu após abordagem
MAIS LIDAS
Primeira dama de Brasnorte declara apoio a candidato do PT ao lado do prefeito Edelo Ferrari
Idoso morre após ser atropelado por veículo da prefeitura de Brasnorte
Vereador registra boletim de ocorrência por ameaça contra prefeito de Brasnorte
Prefeito esclarece troca de secretários em Juína
Operação Cleópatra desarticula esquema de pirâmide financeira com dezenas de vítimas em Cuiabá
Sem surpresas, Abílio é eleito prefeito de Cuiabá e "varre" o PT de Mato Grosso
Regras de financiamento imobiliário pela Caixa vão mudar