Brasil abre Copa América sem Neymar e com toda pressão sobre Tite
Após fracasso no Mundial, técnico carrega obrigação de título em casa
Por: Folha de S. Paulo
Publicado em 14 de Junho de 2019 as 16:37 Hrs
A derrota para a Bélgica nas quartas de final da última Copa do Mundo e o fato de o Brasil jogar a Copa América em casa compõem uma dupla pressão por um bom resultado verde-amarelo na competição sul-americana.
A disputa começa em um jogo da seleção contra a Bolívia, às 21h30 (de Brasília) desta sexta-feira (14), em São Paulo, e boa parte dessa responsabilidade estará nas costas de Tite.
Estivesse Neymar à disposição, a pressão, os elogios e as críticas poderiam ser mais bem divididos. Mas o principal jogador do time —que já vivia situação difícil, após ser acusado de estupro— sofreu uma lesão no tornozelo direito no primeiro amistoso preparatório, foi cortado e deixou o comandante sem um atleta com o mesmo peso do camisa 10.
“Eu se senti pressionado quando assumi o Guarany de Garibaldi”, disse o gaúcho de 58 anos, citando o clube que dirigiu no início de sua carreira como treinador, em 1990. Ele gosta de utilizar essa resposta quando é questionado sobre momentos de tensão.
Por mais que procure minimizar a situação, Tite sabe que está em sua fase mais delicada à frente da seleção. Ele foi mantido após o fracasso no Mundial, mas o desempenho desde então foi alvo de críticas. Agora, ele encara a obrigação do título na Copa América em casa.
Ciente de que a pressão não é a mesma do Guarany de Garibaldi, Tite preferiu deixar uma renovação mais profunda da equipe para depois. O elenco está envelhecido, sobretudo no sistema defensivo, com atletas como Daniel Alves, 36, Thiago Silva, 34, e Miranda, 34, mas a meta é vencer agora e se preocupar com a Copa de 2022 em outra hora.
Quando Neymar, 27, lesionou-se, o substituto acionado foi Willian, 30. Houve nova enxurrada de críticas na direção do comandante, que se vê bem distante do prestígio de que gozava até o último Mundial –ao recuperar o time nas eliminatórias, o técnico viveu um período de questionamentos quase inexistentes.
A Bélgica ganhou, a lua de mel acabou, e Tite precisa da Copa América para ajustar a relação. Para isso, ele resolveu apostar em um jogo agressivo, com desarmes no campo ofensivo e ataques mais verticais. A ideia é controlar a posse da bola, mas buscar ataques agudos em detrimento dos lances cheios de toques de lado.
O plano terá seu primeiro teste diante da Bolívia, tida como o time mais frágil do Grupo A. No Morumbi, diante de um geralmente exigente público paulistano, a seleção espera construir uma relação boa com a torcida, algo considerado muito importante pela comissão técnica e pelos próprios atletas.
“O que a gente tem que fazer é tentar trazer o torcedor para o nosso lado, fazer com que a comunhão seja total, porque precisamos da torcida para ganhar. Não vai ser fácil, nunca é fácil jogar a Copa América. Então, a gente precisa de que o torcedor queira ganhar a Copa América da mesma forma de que a gente quer”, afirmou o lateral esquerdo Filipe Luís.
“Que o torcedor nos transmita energia positiva e esteja junto com a seleção independentemente do resultado durante os jogos. Já joguei duas vezes a Copa América e sei como é difícil. A gente tem que desempenhar o melhor possível e passar confiança para o torcedor. Que seja recíproca essa energia”, acrescentou o zagueiro Marquinhos.
Entre a comunhão da seleção com a arquibancada estará a Bolívia, uma equipe que venceu apenas 1 de seus últimos 16 jogos. O técnico Marcelo Villegas tem consciência de que é zebra no Grupo A até mesmo contra Venezuela e Peru, mas aposta em um 4-4-2 defensivo para tentar surpreender os favoritos no Morumbi.
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