Para assessores e diplomatas, os próprios países que formam a Otan podem ser prejudicados por medida
O governo brasileiro tem criticado a ameaça do secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Mark Rutte, de sanções comerciais contra países que fazem comércio com a Rússia. Na avaliação de assessores e diplomatas, o alerta feito pelo representante da aliança militar ocidental é absurdo, podendo gerar tanto insegurança alimentar como energética no mundo.
A Rússia, que trava uma guerra contra a Ucrânia, é hoje o quinto maior exportador de grãos do mundo, além de ser o maior em fertilizantes. Os produtos químicos vendidos pelos russos são estratégicos para a produção agrícola da China, do Brasil e da Índia. Por isso, argumentam auxiliares do governo brasileiro, os países da Otan também podem ser prejudicados de maneira indireta pela menor oferta de produtos agrícolas comprados das nações emergentes.
Em 2022, o governo de Jair Bolsonaro chegou a solicitar à ONU (Organização das Nações Unidas) que fertilizantes não fossem incluídos na lista de sanções à Rússia, justamente por perigo de insegurança alimentar.
Além da questão alimentar, auxiliares e diplomatas brasileiros apontam a questão energética. A própria União Europeia, apesar de esforços para reduzir a dependência do gás russo, ainda recorreu ao país de Vladimir Putin para atender a quase 20% de suas necessidades totais do combustível no ano passado (principalmente para aquecimento residencial).
Por isso, concluem integrantes do governo brasileiro, uma retaliação aos países que fazem negócios com a Rússia poderia afetar o comércio do mundo todo. Rutte ressaltou que as medidas podem ser adotadas se Putin não levar a sério a ameaça dos Estados Unidos de uma taxação de 100% à Rússia, caso o país não interrompa a guerra em 50 dias.
“Então, por favor, liguem para Vladimir Putin e digam a ele que ele precisa levar as negociações de paz a sério, porque, caso contrário, isso vai prejudicar o Brasil, a Índia e a China de forma massiva", afirmou.