Substituto de Santos Cruz é chefe de militar da ativa mais próximo de Bolsonaro
Escolha do presidente é manobra arriscada diante de simbiose entre Exército e governo
Por: Folha de S. Paulo
Publicado em 14 de Junho de 2019 as 16:11 Hrs
A demissão do general Carlos Alberto dos Santos Cruz foi uma vitória tardia do grupo olavista do governo Jair Bolsonaro (PSL), e a escolha de seu substituto uma arriscada manobra visando agradar a gregos e a troianos.
O general de Exército Luiz Eduardo Ramos já vinha sendo chamado de o “nono ministro militar” do governo há tempos, dada sua proximidade com o presidente. Agora, manterá a oitava cadeira.
À frente da tropa mais poderosa do Brasil, o Comando Militar do Sudeste (São Paulo), Ramos é o chefe militar da ativa mais próximo de Bolsonaro.
Eles dividiram quarto quando eram cadetes, e eles se falam quase diariamente. Entre eles, o presidente é o “cavalão” e Ramos, o “pitbull”.
Quase não há evento em São Paulo com a presença de Bolsonaro no qual Ramos não está presente.
Sua escolha teoricamente compensa o mal-estar causado no Alto Comando pelo sacrifício de Santos Cruz, considerado um soldado exemplar que só não integrou o colegiado dos quatro estrelas porque foi preterido por questões políticas.
Resta saber se assim o será na prática. Dois fatores pesam. O primeiro é que Ramos, de resto popular por seu estilo bonachão e bem humorado, tem sua afinidade com o presidente vista como excessiva por alguns de seus pares.
Um deles citou, reservadamente, que parecia inadequado que um membro do Alto Comando integrasse o ministério após o grupo ideológico do governo ter obtido a cabeça de um general respeitado.
Além disso, a pretendida distância entre a ativa e a administração fica mais comprometida, explicitando a simbiose entre Exército e o governo. O risco de a Força incorporar os desgastes naturais do governo é grande.
A mudança também pode resolver um mal-estar que vinha ocorrendo com o protagonismo do comandante do Sudeste junto ao presidente.
Luiz Eduardo Ramos, general que assumirá a vaga de Santos Cruz na Secretaria de Governo, na sessão solene em memória aos 50 anos da morte do sargento Mário Kozel Filho, na Alesp em 2018 - Marco A. Cardelino/ALSP
Em Brasília, o prestígio era visto como demeritório para o ministro da Defesa, general da reserva Fernando Azevedo, que tem longa história como superior direto de Ramos.
Um amigo comum dos dois, contudo, sustenta que isso é intriga de quartel e que o companheirismo entre eles é inquebrantável.
Já a questão da vitória tardia do escritor Olavo de Carvalho sobre seu principal desafeto na ala militar seguirá como um problema.
No episódio em que defendeu o ideólogo do bolsonarismo no embate com Santos Cruz, o presidente viu os fardados do governo e da ativa se calarem por uma questão hierárquica.
Mas eles nunca engoliram o episódio, até porque nele foi exposto o respeitado ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, ora lotado como assessor no Planalto.
Continuam apontando os filhos presidenciais e expoentes olavistas Eduardo, deputado federal pelo PSL-SP, e o vereador Carlos (PSC-RJ), como responsáveis pela fritura de longo prazo de Santos Cruz.
Um aliado do presidente brincou, dizendo que agora o placar estava 1 a 1: o olavista Ricardo Vélez foi defenestrado da Educação em uma disputa que envolveu indiretamente os militares, que agora veem o general ir para a rua.
Segundo um político com intenso entre os fardados, tal leveza de avaliação não deveria ocorrer porque é incerto como ficará o relacionamento de Bolsonaro com a ala militar.
A chegada ao governo do oficial, promovido a general-de-Exército (quatro estrelas, topo da carreira) em 2017, mantém intacta a cota informal de militares com passagem pela Missão de Paz do Haiti no governo.
Ele será o segundo general da ativa no Planalto: o porta-voz, Otávio do Rêgo Barros, é general-de-divisão.
Ele é cotado para receber a quarta estrela na próxima rodada de promoções, no fim deste mês –haveria uma só vaga, para a turma de oficiais de 1981, mas a ida de Ramos ao governo na condição de agregado ao serviço civil permite a abertura de mais um posto.
A área de comunicação poderá ser afetada pela mudança. Subordinado a Santos Cruz, o titular da Secretaria de Comunicação, Fábio Wajngarten, pleiteava mudar-se para o guarda-chuva da Presidência. Isso pode vir acontecer agora.
- COMENTÁRIOS
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
18:02
Doação do Governo de Mato Grosso de R$ 50 milhões já está na conta do Rio Grande do Sul
Auxílio é destinado às obras de reconstrução do estado gaúcho, afetado por chuvas intensas nas últimas semanas
11:44
Arroz pode ficar mais caro em todo o país
Rio Grande do Sul é responsável por 70% da produção nacional do grão
17:42
Brasnorte se Mobiliza em Solidariedade ao Rio Grande do Sul
Esta iniciativa solidária busca arrecadar alimentos não perecíveis e roupas para os necessitados
12:29
Confira a programação para o aniversário de Juína
O município completa nesta quinta-feira (09/05) 42 anos de emancipação política administrativa
19:37
Prefeitura de Brasnorte e empreiteira discutem responsabilidade de obra após morte de jovem
Nas redes sociais houve muita comoção pela morte prematura do jovem
12:55
Acidente na MT-170 deixa uma pessoa morta e quatro feridas em Brasnorte
O veículo transportava cinco pessoas, todas as quais receberam os primeiros socorros no local.
12:27
Princípio de incêndio em agência de Juína
A equipe de bombeiros foi acionada e conseguiu controlar as chamas ainda no início, evitando maiores danos.
18:10
Terceira etapa do Campeonato Municipal de Velocross agita Brasnorte neste Final de Semana
A expectativa é de que mais de 120 pilotos participem dessa etapa, tornando-a uma das maiores da história do evento.
16:06
Brasnorte sobe no ranking e passa a ser considerada 20ª cidade mais rica do Agro no Brasil
Entre os 20 primeiros colocados, 14 municípios são de Mato Grosso, entre eles Brasnorte.
16:33
Deputados denunciam Lula e Boulos por campanha antecipada em ato esvaziado no 1º de Maio
A lei eleitoral diz que só é permitido pedir votos para um candidato a partir do início oficial da campanha eleitoral em 16 de agosto.
MAIS LIDAS
Prefeitura de Brasnorte e empreiteira discutem responsabilidade de obra após morte de jovem
Acidente na MT-170 deixa uma pessoa morta e quatro feridas em Brasnorte
Confira a programação para o aniversário de Juína
Princípio de incêndio em agência de Juína
Brasnorte se Mobiliza em Solidariedade ao Rio Grande do Sul
Doação do Governo de Mato Grosso de R$ 50 milhões já está na conta do Rio Grande do Sul
Arroz pode ficar mais caro em todo o país