Se houve grampo 'é uma desonestidade', diz Bolsonaro sobre áudio com articulação para tirar líder do PSL na Câmara
Em conversa gravada, o presidente falou com interlocutor sobre lista de assinaturas para mudar a liderança. Bolsonaro afirmou a jornalistas que não trata 'publicamente' do assunto.
Por: Guilherme Mazui, G1 Brasília
Publicado em 17 de Outubro de 2019 as 09:42 Hrs
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (17) que não discute "publicamente" a disputa pela liderança do PSL na Câmara e que, caso seu telefone tenha sido grampeado, tratou-se de "uma desonestidade".
O presidente comentou na saída do Palácio da Alvorada um áudio, revelado pela revista Época e pela revista Crusoé, no qual ele fala com interlocutor sobre lista de assinaturas para tirar o deputado Delegado Waldir (GO) do cargo de líder do PSL na Câmara.
Waldir é ligado ao presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), e tem feito críticas públicas a Bolsonaro. O governo tenta emplacar o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, como líder da bancada.
Ao ser questionado se articulou para tirar Waldir da liderança do partido na Câmara, o presidente disse que não comenta o assunto publicamente.
"Eu não trato publicamente desse assunto. Converso individualmente. Se alguém grampeou telefone, primeiro é uma desonestidade", disse.
Troca de liderança
Bolsonaro foi questionado sobre o áudio ao sair para conversar com simpatizantes no Palácio da Alvorada, hábito das manhãs antes de seguir para o Palácio do Planalto.
"Falei com alguns parlamentares. Me gravaram? Deram de jornalista?", indagou Bolsonaro, que depois criticou o vazamento do áudio. O presidente não respondeu se pretende pedir investigação do episódio.
O áudio divulgado traz uma conversa na qual Bolsonaro articula para que Waldir seja retirado da liderança do PSL na Câmara.
"Olha só, nós estamos com 26, falta só uma assinatura pra gente tirar o líder, tá certo, e botar o outro. E gente acerta, e entrando o outro agora, em dezembro tem eleições para o futuro líder a partir do ano que vem", afirma o presidente.
A voz do interlocutor de Bolsonaro não aparece na gravação, o que sugere que o trecho foi previamente editado para não haver identificação da pessoa com quem o presidente conversou sobre o assunto.
"Aqui tem 25. Já falei com Pedro (inaudível), vou ligar pra outras pessoas. Até quem sabe a gente passe aí do... tenha um número com folga até. Mas se você fechar agora, já tem o suficiente."
Bolsonaro x PSL
A crise entre Bolsonaro e o comando do PSL se acentuou na semana passada, quando o presidente orientou um apoiador a esquecer Bivar que, na opinião dele, está "queimado". Bivar disse que a fala era "terminal" na relação entre Bolsonaro e o partido, ao qual o presidente é filiado.
Na noite de quarta, a crise teve um novo capítulo no impasse sobre o comando da bancada, com o anúncio pelo líder do governo na Câmara, deputado Major Vítor Hugo (PSL-GO), que 27 dos 53 deputados do PSL assinaram um requerimento para tornar Eduardo o novo líder da legenda.
Logo em seguida, Waldir apresentou uma lista com 31 de assinaturas para retomar a liderança. Somadas, as duas listas continham 58 assinaturas, cinco a mais que o número de deputados do partido
Pelas regras internas da Câmara dos Deputados, a escolha do líder partidário é oficializada por documento endereçado ao presidente da Casa, atualmente Rodrigo Maia (DEM-RJ). O documento deve ser assinado pela maioria absoluta dos integrantes da sigla. O PSL tem 53 deputados.
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