Deputado federal do PT nega ter existido 'kit gay'
Ságuas Moraes, PT-MT, ainda atacou o candidato Jair Bolsonaro.
Por: Repórter em Ação
Publicado em 15 de Outubro de 2018 as 11:41 Hrs
O vídeo gravado pelo deputado petista que preferiu não ir a reeleição, afirma que esse debate do chamado 'kit gay' não existiu.
Kit gay? O que diz o livro infantil criticado por Bolsonaro ?
Livro citado por Bolsonaro no Jornal Nacional inspirou exposição sobre sexualidade em diversos países da Europa
No dia 28 agosto, durante entrevista no Jornal Nacional, Jair Bolsonaro (PSL) levou o livro infantil “Aparelho Sexual e Cia” à bancada do programa. Em um momento da acalorada conversa, o candidato à Presidência da República tentou mostrar às câmeras o conteúdo da publicação e, a plenos pulmões, enfatizou: “Um pai não quer chegar em casa e ver o filho brincando com boneca por influência da escola”.
Dada à repercussão, o jornalista Bruno Molinero, da Folha de S. Paulo, esmiuçou o conteúdo da obra escrita pelo autor suíço Philippe Chappuis – traduzida para mais de dez idiomas e que teve cerca de 1,5 milhão de exemplares vendidos. Chegou ao Brasil pela Companhia das Letras em 2007.
Em inúmeros países da Europa, como a França, a publicação inspirou uma exposição infantil sobre sexualidade, com informações e atividades inspiradas nos capítulos.
Já no Brasil, em 2015, a Promotoria do Distrito Federal cobrou esclarecimentos sobre o livro à Companhia das Letras. Isso porque, pais questionaram o conteúdo de “Aparelho Sexual e Cia.”, adotado por um colégio.
Um ano depois, Jair Bolsonaro divulgou um vídeo em suas redes sociais onde resumia o livro a “uma porta aberta para a pedofilia” e afirmou que ele fora comprado por programas federais como o PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola) e o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático). A obra, na verdade, foi adquirida pelo MinC (Ministério da Cultura) para bibliotecas.
E, ao contrário do que Bolsonaro insiste dizer, o MEC garante que o livro nunca esteve nos programas de distribuição de materiais didáticos.
Mas, afinal, o QUE DIZ O POLÊMICO LIVRO?
Confira um resumo da obra segundo apuração de Bruno Molinero.
“Dividido em seis capítulos, é um guia que utiliza toques de humor e linguagem de histórias em quadrinhos para falar sobre sexualidade, amor e relacionamento para o público infantojuvenil.
Voltando ao livro, o primeiro capítulo fala de relacionamentos. O que é estar apaixonado? O que é sair com alguém? Como é beijar? O seguinte discorre sobre a puberdade e as mudanças corporais sofridas por garotos e garotas: mudanças na voz, crescimento dos seios, surgimento de pelos, acentuação dos odores etc.
Em seguida, vem a parte do sexo. Com linguagem didática, perguntas diretas e respostas claras, a obra explica o que é transar, o que é uma ereção, como funciona o orgasmo e a anatomia dos órgãos sexuais. A informação quase sempre é precisa e sem tabu.
Ao contrário do que disse Bolsonaro, o MEC garante que o livro nunca esteve nos programas de distribuição de materiais didáticos
Sobre o que é transar, por exemplo, o livro diz: “Quando você sente atração por uma pessoa, fica a fim de se aproximar cada vez mais dela. Assim, os namorados vão unir seus corpos pelos órgãos genitais. O órgão masculino é que vai penetrar o feminino”.
O quarto capítulo aborda a maternidade e a corrida dos espermatozoides rumo ao óvulo, mesclando ciência com linguagem de tirinhas de jornal. Depois é a vez de falar sobre contracepção e higiene. Por fim, há um serviço completo sobre quem procurar em casos de abuso ou pedofilia”.
Ao contrário da histeria criada por determinados setores da política nacional, “Aparelho Sexual e Cia” apresenta um conteúdo semelhante a de outras publicações para o público infatojuvenil.
A exemplo da série publicada pela editora Melhoramentos no início dos anos 2000 com os títulos “Coisas Que Todo Garoto Deve Saber Sobre Garotas”, “Coisas Que Toda Garota Deve Saber Sobre Garotos” e “Beijos – Coisas Que Todo Mundo Quer Saber”. Nesse sentido, “Aparelho Sexual e Cia.”
Segundo recomendação da Unesco, a abordagem da educação sexual e de gênero nas escolas pode ser fundamental na prevenção à violência contra as mulheres. Em 2014, lançou um guia para os professores brasileiros sobre como abordar o conteúdo em sala de aula.
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