
Caminhoneiros tentam emplacar nova greve, mas ato ainda tem resistência
Líderes da paralisação de 2018 não garantem adesão a ato programado para iniciar neste domingo
Por: Folha de São Paulo
Publicado em 22 de Julho de 2021 as 09:18 Hrs
Caminhoneiros de vários estados tentam emplacar uma nova greve, a começar no domingo (25), para protestar contra os sucessivos aumentos do diesel e reivindicar outras pautas da categoria, como fiscalização no preço de frete.
Lideranças buscam mobilização, mas parte dos motoristas diz que irá aguardar para ver se o ato ganha tração. Algumas tentativas de paralisação em 2019, um ano após a histórica greve de maio de 2018, reuniram motoristas de localidades específicas, sem abrangência nacional ou grandes congestionamentos.
Desta vez, quem encabeçou a organização foi o CNTRC (Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas), sediado no Paraná, que pede o fim da PPI (Política de Preço de Paridade de Importação) aplicado pela Petrobras e a garantia do piso mínimo de frete, instituído por lei após a paralisação de 2018.
"A PPI atinge muitos setores, estamos pagando gás de cozinha, óleo diesel e gasolina em dólar. Não tem mais condição para trabalhar", afirma Plínio Dias, diretor-presidente da entidade. A ideia é que os caminhoneiros parem em postos de combustível e ergam faixas para chamar a atenção da população.
Dias foi candidato a deputado federal pelo Patriota em 2018.
Ainda sem conseguir dimensionar a adesão de motoristas, José Roberto, presidente da ANTB (Associação Nacional de Transporte no Brasil Liberdade e Trabalho), que também apoia o ato, afirma que a pauta deve ser abraçada por outros setores do transporte, como os motoboys.
"Se acontecer da forma que estamos vendo nos grupos, a população vai se mobilizar pelo preço dos combustíveis, e vamos reunir o pessoal do aplicativo", diz. Alguns motoristas de Uber também se manifestam nos grupos de WhatsApp.
As lideranças querem que o protesto inicie no domingo, Dia de São Cristóvão, considerado o padroeiro dos motoristas, e continue nos dias seguintes.
Alguns caminhoneiros que participaram de outros manifestos pontuais da categoria nos últimos anos afirmam que irão aguardar a movimentação no domingo para decidir se param as atividades. Marconi França, caminhoneiro de Recife (PE) que já puxou a mobilização em seu estado, diz que o protesto precisa iniciar forte em São Paulo. Do contrário, é impossível garantir mobilização de outras regiões.
"Dessa vez eu vou esperar acontecer. Se não começar por São Paulo, pela Baixada Santista, não pega força", afirma.
O autônomo apoia a paralisação e diz que a parte mais difícil já foi adquirida —referindo-se à política de preço do frete—, mas que não há vontade política do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em ouvir a categoria e fiscalizar a lei.
A maior parte dos caminhoneiros "fez de seus caminhões carros de propagandas ambulante" para Bolsonaro, que "virou as costas para a categoria", segundo ele.
Daniel de Oliveira, conhecido como Queixada e de um grupo ativo em 2018, que conseguiu interlocução com o governo na época, afirma que ainda não topou a mobilização porque é persona non grata nos grupos em que tentou entrar. Também deve esperar o ritmo das paradas para tomar uma decisão.
"Pode ocorrer greve, estou vendo mobilização, mas [como a de] 2018, não acontece mais. Tem muita politicagem, gente que só quer tirar o governo, mas tem que conversar com com quem para conseguir conquistar as coisas?", diz.
Já a Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores), comandada por Wallace Landim, conhecido como Chorão, uma figura política da categoria, vai se manifestar sobre a adesão à greve na sexta-feira (23). A entidade se reuniu com líderes classistas nesta quarta para deliberar sobre o apoio.
A pauta, para ele, precisa envolver mais segmentos da economia, como comércio, construção civil, motoristas e metalúrgicos. Além do fim da PPI, Chorão diz que é preciso fiscalização sobre preços de frete e pede que Bolsonaro "ouça o Brasil".
Em nota, O Ministério da Infraestrutura diz que CNTRC "não é entidade de classe representativa para falar em nome do setor do transporte rodoviário de cargas autônomo e que qualquer declaração feita em relação à categoria corresponde apenas à posição isolada de seus dirigentes".
A pasta acrescenta que é preciso entender o "caráter difuso e fragmentado" de representatividade do setor e que "nenhuma associação isolada pode reivindicar para si falar em nome do transportador rodoviário de cargas autônomo".
- COMENTÁRIOS
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
16:01
MP recomenda suspensão imediata de projeto de usina solar em Brasnorte
A promotoria ainda cobrou explicações da prefeitura.
15:52
Senar oferta cursos em julho e oficinas em agosto durante a ExpoJuína
Durante a ExpoJuína, o Senar promoverá uma série de oficinas práticas, com foco no beneficiamento de produtos agropecuários e cortes especiais de carnes.
11:36
Enfermeira amiga de Juliette é morta pelo ex-companheiro em Fortaleza
Segundo polícia, suspeito não aceitava o fim do relacionamento e foi preso após o crime
10:35
Entenda como o IPI zerado para "carro popular" vai afetar seu bolso
Ideia do governo é baratear automóveis ?de entrada?; montadoras vão indicar modelos que se encaixam nos critérios do programa
10:29
Governo autoriza Eletrobras a importar energia do Paraguai
Proposta de importação de energia do Paraguai é para contratação no mercado livre de energia brasileiro
10:15
Sob pressão de Trump, PL da anistia perde tração no Congresso
Cúpula do Legislativo finalizava proposta alternativa, mas apoio do presidente republicado a Jair Bolsonaro deve colocar iniciativa em banho-maria
16:13
Vereador Willian Braz cobra fiscalização contra motos barulhentas em Brasnorte
Vereador ouviu moradores e defende orientação antes de punições
11:53
Tribunal considera a Rússia responsável pela queda do voo MH17 e por violações de direitos humanos
Em decisão unânime, Tribunal Europeu responsabiliza o país pela queda do voo da Malaysia Airlines em 2014
11:48
Operação mira golpe do falso site do Enem; mais de 35 mil foram vítimas
Golpistas arrecadaram R$ 3 milhões simulando página oficial do Inep
11:34
Lira apresenta parecer sobre reforma do IR nesta quinta
Relator deixa alternativa ao IOF fora do texto
MAIS LIDAS
Ministério Público contesta decisão e pede punição mais dura contra Edelo Ferrari
MP recomenda suspensão imediata de projeto de usina solar em Brasnorte
Juiz mantém sentença e encaminha ao TRE-MT recurso do MPE que pede punição mais dura contra Edelo Ferrari
MPF abre investigação para apurar uso irregular do Fundeb em Aripuanã, Brasnorte e Juína
Governo autoriza Eletrobras a importar energia do Paraguai
Poder público confirma 3º edição da Expo leite Juína com premiação de R$ 125 mil reais
Vereador Willian Braz cobra fiscalização contra motos barulhentas em Brasnorte