Bolsonaro define novos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica
General Paulo Sergio Nogueira, o almirante Almir Garnier Santos e o tenente-brigadeiro Baptista Júnior assumem a direção das Forças
Por: CNN
Publicado em 01 de Abril de 2021 as 09:54 Hrs
O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) definiu os nomes dos novos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Os escolhidos foram confirmados por fontes do Ministério da Defesa e do Palácio do Planalto.
O novo comandante do Exército é o general Paulo Sergio Nogueira. Anteriormente, ele era o quarto na lista de antiguidade, ou seja, na relação de oficiais com mais experiência no Exército. Com a aposentadoria de alguns oficiais hoje, Nogueira passou a ser terceiro mais antigo. A tradição do Exército é a escolha de um oficial entre os três que estejam a mais tempo no cargo de general.
Atualmente, Nogueira é chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército. Ele vai substituir Edson Pujol, que deixou o cargo ao lado dos outros comandantes das Forças nesta semana. O nome do novo comandante já foi informado internamente ao Alto Comando do Exército.
Para Marinha, o escolhido foi o almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, segundo mais antigo da Marinha. Ele vai substituir Ilques Barbosa, que também deixou o cargo.
O tenente-brigadeiro Baptista Júnior é o novo comandante da Aeronautica, no lugar de Antônio Carlos Moretti Bermudez.
Mais cedo, o novo ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto, se reuniu com os oficiais mais antigos das três forças. De acordo com auxiliares, o objetivo foi conhecer os perfis e saber qual assessoramento poderiam dar ao presidente.
Durante a cerimônia de apresentação realizada nesta quarta-feira (31), Braga Netto ressaltou que o principal desafio do páis no momento é o combate à pandemia de Covid-19 e afirmou que o maior patrimônio de uma nação é a "garantia da democracia" e a "liberdade do seu povo".
“Os militares não faltaram no passado e não faltarão sempre que o país precisar. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira se mantém fiéis às suas missões constitucionais de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais e as liberdades democráticas", afirmou o ministro.
Saída coletiva
O general Edson Pujol, o tenente-brigadeiro Moretti Bermudez e o almirante Ilques Barbosa estavam à frente das Forças Armadas desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019. Os três foram comunicados da mudança na terça-feira (30), um dia depois de cogitarem se demitir em protesto à dispensa do então ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo.
Segundo apuração do colunista Caio Junqueira, Bolsonaro demitiu Azevedo por considerar que as Forças Armadas estavam "distantes" do governo. Em nota, o general afirmou ter conduzido os militares como "instituições de Estado" -- portanto, sem ligação política com a atual gestão.
A mudança no Ministério da Defesa foi incluída em uma reforma ministerial feita pelo presidente Jair Bolsonaro na segunda-feira. O sucessor de Azevedo, general Braga Netto, ocupava um cargo de confiança do presidente, como ministro-chefe da Casa Civil.
Além da Defesa e da Casa Civil, o presidente promoveu mudanças nos ministérios da Justiça e da Segurança Pública e das Relações Exteriores, na Advocacia-Geral da União (AGU) e na Secretaria de Governo.
Oposição
Parlamentares da oposição articulam um pedido de impeachment contra Bolsonaro, sob a acusação de que o presidente da República promoveu as mudanças com o objetivo de interferir politicamente nas Forças Armadas.
Segundo informações da âncora da Daniela Lima, o pedido envolve diversos partidos e é liderado pelo deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) e pelos senadores Jean-Paul Prates (PT-RN) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
A mudança também foi criticada pelo general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que foi ministro-chefe da Secretaria de Governo nos primeiros meses da gestão Bolsonaro. Em entrevista à CNN, Santos Cruz classificou como "ofensa às Forças Armadas" a substituição dos comandantes.
Parlamentares de oposição ao governo também contestam a Ordem do Dia, documento assinado pelo novo ministro da Defesa Walter Braga Netto que celebra o golpe militar de 31 de março de 1964.
Governo
Em seu posicionamento, Braga Netto defende a análise do ocorrido há 57 anos de forma distanciada dos tempos atuais. O ministro da Defesa argumenta que a deposição do presidente João Goulart deve ser considerada no contexto da Guerra Fria.
Em entrevista, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que o governo não tem qualquer intenção de interferir politicamente nas Forças Armadas. "Não tem nenhuma mudança de postura em relação às Forças Armadas, queria deixar isso bem claro", disse.
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