O Ego em cena: o que está por trás do debate na Câmara de Juína?

Vereadores buscam turbinar o caixa da Câmara com projetos que aumentam o duodécimo, criam emendas e aumentam diárias.

Por: Repórter em Ação

Publicado em 24 de Setembro de 2025 as 16:20 Hrs

Aélcio Moreira, presidente da Câmara de Juína

“Hoje o que mais dá visibilidade, é o vereador ou o prefeito? É o prefeito.”

A frase dita pelo presidente da Câmara de Juína, Aélcio Moreira, o popular Neguinho Borracheiro, chama atenção não apenas pelo conteúdo, mas pelo que sugere nas entrelinhas: a busca por visibilidade. O comentário surge em meio ao debate sobre a possibilidade de vereadores controlarem parte do orçamento do Executivo, através das chamadas emendas impositivas, que poderiam chegar a mais de R$ 5 milhões anuais.

Para o cientista político e jornalista Bil Luiz, há uma questão central por trás desse movimento: o ego.

“Está claro que é uma questão de ego, de vaidade. Se quer visibilidade, aí tem as redes sociais, os meios de comunicação. Quem quer ter visibilidade, deve procurar os meios para isso. Agora, aumentar o orçamento e colocar em risco a saúde financeira do município, não é o melhor meio de se criar visibilidade, mas pra mim, ao que parece é uma briga de ego”, destacou.

Mas afinal, o que é ego?

Segundo a psicanálise, o ego é a parte consciente e racional da mente, mediando os desejos inconscientes (id) e os valores morais (superego). Ele molda a identidade e ajuda o indivíduo a lidar com a realidade. No entanto, quando se torna inflado ou frágil, pode distorcer comportamentos e decisões.

Entre as características de um ego inflado estão:

Sentimento de superioridade;

Autoconfiança excessiva;

Falta de empatia;

Resistência a críticas;

Necessidade constante de reconhecimento;

Dificuldade em ouvir.

Esse conceito ajuda a entender por que certas lideranças políticas parecem extrapolar os limites de suas funções. Quando o ego entra em cena, o risco é que decisões administrativas passem a ser orientadas mais pelo desejo de reconhecimento pessoal do que pelo interesse coletivo.

O CONTEXTO POLÍTICO DE JUÍNA

Vale lembrar que, nesta legislatura, com exceção do vereador Carlito Pereira (PT), todos foram eleitos na base do prefeito Paulo Veronese — que já se posicionou contra a iniciativa de turbinar o caixa da Câmara.

Bil Luiz rebate ainda o argumento do presidente da Câmara, que defende que as emendas impositivas poderiam ajudar projetos sociais:

“Da forma que o vereador fala, parece que quer vestir uma roupa do executivo. O papel deles é legislar e fiscalizar, mas parece que querem executar, lembrando que o recurso, a fonte, é uma só. Parece que aí está tendo um jogo de ego, mas a finalidade é a mesma”, explicou.

O episódio em Juína não é apenas uma disputa institucional entre Legislativo e Executivo. É, sobretudo, um exemplo de como o ego pode influenciar a política. Mais do que discutir números ou projetos, o debate expõe a necessidade de reflexão: até que ponto a busca por visibilidade pessoal deve orientar decisões que afetam diretamente a coletividade?

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