Para acabar com preconceito, alunos de Juína apostam em intercâmbio cultural com escola indígena
Os estudantes saíram da aldeia impressionados positivamente com o trabalho e organização dos Rikbaktsa e ainda receberam convite do cacique para retornarem mais vezes.
Por: Adilson Rosa | Seduc-MT
Publicado em 12 de Dezembro de 2019 as 11:14 Hrs
Alunos da Escola Estadual Ana Neri, localizada no município de Juína (a 735 quilômetros a noroeste da Capital) realiza intercâmbio com a Escola Estadual Indígena Myhyinymykyta Skiripi, da etnia Rikbaktsa no município vizinho de Juruena. Durante a visita de um dia, os alunos participaram das atividades preparadas pelos anfitriões.
Durante o dia, houve um bate-papo, através de roda de conversa para se conhecerem melhor. Houve aula de língua Macro-Jê. Em seguida, foi apresentada a dança tradicional indígena com pintura corporal indígena.
Na sequência, os alunos tiveram contato com arco e flecha, além de teatro, torta na cara e um jogo de futebol entre a equipe da aldeia e os alunos da
Escola Ana Neri.
As atividades se encerraram banho de rio nas águas tranquilas e límpidas do rio Juruena, que está localizado na aldeia e considerado em segundo lugar no ranking dos rios mais preservados do Brasil.
Segundo a professora Vanilda dos Reis, responsável pelo intercâmbio, os alunos saíram da aldeia impressionados positivamente com o trabalho e organização dos Rikbtsa.
“Uma aula prática, uma visita numa aldeia para acabar com todos os preconceitos, pois acreditavam que as pessoas indígenas eram seres folclóricos, exóticos. “Esses estereótipos, mesmo após tantos estudos e esclarecimentos, ainda insistem em avultar na nossa sociedade e foi fator preponderante para que lançássemos a proposta de intercâmbio para meus colegas professores de área”, comemora a professora.
O aluno Matheus Simão saiu maravilhado da aula de campo e acredita que num dia tenha aprendido mais do que ano de estudo sobre os índios.
“Gostei de todas as atividades, mas quero dar destaque para a roda de conversa que nos oportunizou conhecer alguns aspectos da cultura indígena, sobre religiosidade, funeral, casamento, arte, educação e consciência ecológica. É impossível mensurar o tamanho do conhecimento adquirido neste intercâmbio”, finaliza.
A aluna Tainara, da escola Myhyinymykyta aposta que encontros como este são muito importantes para a aldeia.
“As atividades permitem aos alunos da cidade conhecerem melhor a nossa realidade, que muitas vezes é parecida com a realidade deles, pois desde que passamos a conviver com os colonizadores que chegaram aqui, aprendemos muitas coisas e ensinamos também”, assegura.
O cacique Darci ficou satisfeito com a aula de campo, deixando claro que apoia este tipo de atividade e pede para que os alunos não esqueçam o povo Rikbaktsa.
“Essa visita não pode ser só um passeio que os alunos costumam fazer. Propomos aos professores e alunos da cidae que hoje nos visitaram para que formem com o povo Rikbaktsa uma aliança de combate ao preconceito contra os povos indígenas e também de proteção ao rio Juruena que vive ameaçado”, sugere.
O coordenador pedagógico da escola indígena, Givanildo Bismy concorda com o cacique e classifica o dia como bastante produtivo. “Por isso convidamos a escola para voltar sempre que for possível e em uma próxima oportunidade visitaremos também a escola Ana Neri”, reforça.
A diretora da Escola Ana Neri, Sirley Tesch, acrescenta que todos os anos a unidade escolar inova em suas atividades, para que o tema não caia na rotina. “Nos dois últimos anos, no entanto, resolvemos ir além e levar os alunos do 9º ano para uma visita na escola indígena. É uma experiência que dura apenas um dia, mas os resultados dela serão para uma vida toda”,festeja.
A coordenadora pedagógica Raquel Bernardi explica que professora Vanilda, logo que chegou à escola, observou que os estudantes tinham uma visão distorcida sobre os povos indígenas, apesar de vivermos muito próximos. “A partir deste diagnóstico, ela nos fez a proposta e desde o ano passado foi organizado um intercâmbio cultural, o que é um sucesso”, salienta.
A EEI Myhyinymykyta Skiripi está localizada na Aldeia Barranco Vermelho, em Brasnorte, a 95 quilômetros de Juína. Construída na margem direita do Rio Juruena, a unidade escolar oferece Ensino Fundamental e Médio para crianças e jovens da etnia Rikbaktsa.
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